segunda-feira, 3 de maio de 2010

Cidadania?

Sento a um canto, abro o jornal, e assisto escorrer o sangue.
Sento a um canto, ligo a televisão, e leio o mesmo sangue escorrido
do jornal assistido, pela manhã diária.
Sento a um canto, acendo a luz, e cego o pegajoso sangue
assistido no jornal, lido na televisão e grudado nos meus dedos
de espectador aprendiz.
Sento a um canto, deito os olhos na estrada e nada ouço
além do nada que cabe a mim.








03.05.2010 - 03h40min

3 comentários:

Luciano disse...

Gostei. Denso. Curto e grosso. Que tipo de cidadania é a que EU pratico? A paralítica? Muito bom.




Luciano

Ricardo Kersting disse...

A arte e a beleza estão definitivamente banidas da mídia. Com tanta política, esportes(não amadores), crimes, mutretas e outras tantas coisas que já nem quero lembrar, um intelectual, artista ou cientista tem que pedir pelo amor de Deus um espaço pago para deixar a sua mensagem. Um traficante é tratado como um astro pop, jogadores de futebol a pão de ló, algumas seitas "divinas", compram emissoras e mandam a mesma coisa para o ar o tempo inteiro.
Assim só podemos sangrar junto com a nossa miséria cultural. E já faz muito tempo que estamos sangrando, não é de admirar que o resultado disso tudo seja realmente nada.
Desculpa Simone, mas será que este sangue não é daqueles que tentam produzir alguma coisa inteligível em nossa terra?

Simone Toda Poesia disse...

Pois é, meu amigo, mas penso que talvez dê pra gente fazer alguma coisa com esse sangue, escorrido da gente, misturado com o de outros, que a gente nem conhece. Talvez se possa fazer uma grande obra vermelha (não há aqui qualquer alusão a nenhum partido político, pelamordedeus, deusmelivre, valha-medeus, cruz-credo, teesconjurotrêsvezes, vaderetrosatanás!!!!!!)conjunta. Não sei como, mas podemos pensar a respeito....rs...

Abraço.