I
Se os finais entrelaçam os dedos
Dos começos adivinhados
Intencionalmente previstos
De crateras e cortes e poemas pela metade
Ou inteiras alegrias
Sonhadas ou vividas páginas
Divididas em explosões de dúvidas
E um sem número de ilusões
Não há fim, se mundo não houver
E de quantos mundos se precisa
Para construir um começo
Que dure o suficiente
Pra dizer que foi feliz
Mesmo depois que se tiver esvaído
Pelos vãos da proximidade
Com o que se desconhece?
Andar sobre as águas
E molhar a ponta da língua
No dia que jamais vai nascer
Feito anjo decaído
D’algum sobrevivente planeta outro
Escancarado de resvalos
E ditos sonâmbulos.
O fim do mundo promete
Tudo o que nada expõe
Nada que não tenha sido tentado
A salvação mutante
Do que já não existe mais.
II
Se hoje o mundo findar
Meu espelho quebrado
Sem partes encaixadas delicadamente
Nas centenas de possibilidades
Que eu não consigo contar
Estarei exausta de vida e de espera
Nas névoas conquistadas de anéis coloridos
dos caminhos que eu não conheci.
São vagas as horas últimas
Da contagem regressiva
Em que as maravilhas melódicas
Da rouca voz amanhecida
Nas afiadas presas da liberdade
Cantam composições tuas
Que encantam meus ouvidos
E prometem favorecer as probabilidades
De haver amanhã
Depois que o fim dobrar a esquina
E não houver outra chance
Além de reconsiderar.
III
Explodem estrelas
Pra recomeçar a vida
D’algum inesperado ponto.
Um porto conquistado desde os mais remotos
Extremos da terra
Talvez dez mil quilômetros
Transfigurados em milímetros
Depois da grande erupção.
Vida na lava ardente
Microscópica diferença
Ensaiada no espaço vazio
Entre um ato e outro da grande peça
Sem platéia nem improviso algum.
O fim do mundo é o começo de alguém...
30.05.2010 – 20h26min
Aí, Roberto Amezquita,
futuro Prêmio Nobel de Literatura,
Simone promete, Simone faz...rs
3 comentários:
E esse aí é quem na ordem do dia?
Simone promete, Simone faz, inclusive quando promete que irá embora.Hehe. Mas esse é outro assunto. Hehe.
Com todo o respeito pelo seu amigo Roberto Amezquita, de quem já li algo por indicação sua, Prêmio Nobel de Literatura, pra poesia, só se for a de Simone Aver. E tenho certeza de que ele concordará comigo.
E por falar em fim do mundo, quando ele vier, em 2012 (Hehe), me encontrará agradecido por ter conhecido você. Você que, mesmo falando sobre o fim do mundo, não deixa de deixar seus leitores anteverem uma ponta do seu amor pelo seu namorado ('marido'?) - que inveja!-.
Beijos
Cello
Anônimo
Vá procurar o que fazer.
Cello
Obrigada, és sempre muito gentil, e bom leitor das entrelinhas.
Bjs
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