segunda-feira, 31 de maio de 2010

ENSAIO PARA O FIM DO MUNDO

I

Se os finais entrelaçam os dedos

Dos começos adivinhados

Intencionalmente previstos

De crateras e cortes e poemas pela metade

Ou inteiras alegrias

Sonhadas ou vividas páginas

Divididas em explosões de dúvidas

E um sem número de ilusões

Não há fim, se mundo não houver

E de quantos mundos se precisa

Para construir um começo

Que dure o suficiente

Pra dizer que foi feliz

Mesmo depois que se tiver esvaído

Pelos vãos da proximidade

Com o que se desconhece?

Andar sobre as águas

E molhar a ponta da língua

No dia que jamais vai nascer

Feito anjo decaído

D’algum sobrevivente planeta outro

Escancarado de resvalos

E ditos sonâmbulos.

O fim do mundo promete

Tudo o que nada expõe

Nada que não tenha sido tentado

A salvação mutante

Do que já não existe mais.



II

Se hoje o mundo findar

Meu espelho quebrado

Sem partes encaixadas delicadamente

Nas centenas de possibilidades

Que eu não consigo contar

Estarei exausta de vida e de espera

Nas névoas conquistadas de anéis coloridos

dos caminhos que eu não conheci.

São vagas as horas últimas

Da contagem regressiva

Em que as maravilhas melódicas

Da rouca voz amanhecida

Nas afiadas presas da liberdade

Cantam composições tuas

Que encantam meus ouvidos

E prometem favorecer as probabilidades

De haver amanhã

Depois que o fim dobrar a esquina

E não houver outra chance

Além de reconsiderar.



III

Explodem estrelas

Pra recomeçar a vida

D’algum inesperado ponto.

Um porto conquistado desde os mais remotos

Extremos da terra

Talvez dez mil quilômetros

Transfigurados em milímetros

Depois da grande erupção.

Vida na lava ardente

Microscópica diferença

Ensaiada no espaço vazio

Entre um ato e outro da grande peça

Sem platéia nem improviso algum.

O fim do mundo é o começo de alguém...






30.05.2010 – 20h26min
Aí, Roberto Amezquita,
futuro Prêmio Nobel de Literatura,
 Simone promete, Simone faz...rs





3 comentários:

Anônimo disse...

E esse aí é quem na ordem do dia?

Marcello disse...

Simone promete, Simone faz, inclusive quando promete que irá embora.Hehe. Mas esse é outro assunto. Hehe.

Com todo o respeito pelo seu amigo Roberto Amezquita, de quem já li algo por indicação sua, Prêmio Nobel de Literatura, pra poesia, só se for a de Simone Aver. E tenho certeza de que ele concordará comigo.

E por falar em fim do mundo, quando ele vier, em 2012 (Hehe), me encontrará agradecido por ter conhecido você. Você que, mesmo falando sobre o fim do mundo, não deixa de deixar seus leitores anteverem uma ponta do seu amor pelo seu namorado ('marido'?) - que inveja!-.

Beijos


Cello

Simone disse...

Anônimo

Vá procurar o que fazer.



Cello

Obrigada, és sempre muito gentil, e bom leitor das entrelinhas.

Bjs