quinta-feira, 6 de maio de 2010

Paixão

Tenho nas conchas das mãos
o som do teu riso.
Circulando meus dedos
os teus anéis
os mesmos que te enfeitam
(como se fosse necessário)
quando andas no meio 
de vorazes feras nunca satisfeitas
com o gosto da carne humana.
Tudo o que eu queria
vibra ao som da tua guitarra
e só debaixo do teu toque.
Tenho no limite do peito
o som do teu coração.
Circulando meu rosto
os teus cabelos
os mesmos que se fazem inverno
enquanto a curva do teu tempo
se alinha à minha.
Tenho no limite das horas
as honras de saber-te meu
as delícias de saber-me tua.





06.05.2010 - 02h25min





Soneto do Amor Total

Amo-te tanto, meu amor ... não cante
O humano coração com mais verdade ...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
Vinícius de Moraes


7 comentários:

MaicknucleaR disse...

Vibrei com o som da sua guitarra e sem limites no peito!

Ricardo Kersting disse...

Muito bonito Simone!! Vinicius apenas emoldurou..A guitarra, elétrica(imagino)é um instrumento moderno, mas manipulada com maestria, nos traz os lamentos ancestrais do negro através do blues..Assim como B.B.King, o rei.

Blue Knight disse...

Ando em meio a feras vorazmente carnívoras e me esquivo ileso delas, ainda que me arranhem vez ou outra. Ando sobre brasas, atravesso o fogo e não me queimo mesmo sentindo dor.
Nas curvas do meu caminho está o teu endereço e o rastro sideral dos teus olhos, guiando tudo.
E das honras todas que tenho, a maior delas é ser teu amantíssimo vassalo e poder bradá-lo, sem medo, a quem queira ouvir.

Blue Knight disse...

Me ame com toda a liberdade !

Maria Eduarda disse...

O que é isso? Certamente não é poesia, porque extrapola os limites do lirismo. Já sei! Descobri! Esse poema em especial lhe foi soprado por um anjo. É o que eles cantam, diariamente, nas odes celestiais, confesse.

Grande inspiração, a sua.
Grande sorte a nossa, de ler os cânticos dos anjos, traduzidos por sua sensibilidade.

Parabéns.


Maria Eduarda (Imperatriz - MA)

Simone Toda Poesia disse...

Maria Eduarda:

Tenho, sim, alguns anjos na minha vida. Dois de importância vital: minha filha e meu 'marido'(rs). Se é um cântico de anjos a minha escrita, certamente são eles que cantam.
São eles que fazem minha vida mais leve e pintam diante dos meus olhos cores que talvez nem existam de fato, de tão maravilhosas que são.

Eles. Motivo dos meus versos e do meu fôlego. Da minha vontade de acordar todos os dias. Da forma como empunho a caneta. Dos passos de ontem, de hoje e de todos os que me restam. É neles que falo, mesmo quando não falo neles. As duas pessoas pelas quais dou a vida sem pestanejar um segundo sequer.


É por eles, com eles e a respeito deles que sangro, aqui.


Obrigada pelos comentários tão gentis.

Abraços.

Simone Toda Poesia disse...

Maik:
Obrigada, menino, pela visita e pelo comentário. Bom te ver por aqui.

Ricardo:
Não é novidade a minha admiração pela tua obra. Obrigada por acompanhares a minha. És sempre bem-vindo, meu amigo.


Blue Knight:
Tu, todos os meus motivos. Tu, amor da minha vida. Todos os meus espaços, teus. Até que eu morra, "de amar mais do que pude"...