sexta-feira, 11 de junho de 2010

Desconexo

Não gosto do sempre igual
mas também não gosto
do que aplicação alguma tem.
Os símbolos me determinam
as inconstâncias me acusam.
Assaltou-me a alma uma inquietude devassa
procurou meus temores e admitiu o princípio
de um orgulho obtuso e suspenso
por correntes brilhantes de anéis sem dedos.
Não ando sobre ovos
por medo de quebrar os pés.
Evito as encruzilhadas
pra não comer as pipocas das galinhas degoladas
deixadas de lado pra uma divindade qualquer.
Não divido meus tesouros nem alimento negativas
que sei que não terei forças pra cobrar.
Sou qualquer coisa confusa, perdida entre
uma e outra ponta do iceberg derretido
que eu não soube navegar.
Fui um laço estranho na antena da abelha
e uma velha melodia solta
nos ouvidos da festa de cores
que dançam na ponta da tua voz.
Sou a gota da lágrima que escorre da tua boca
e o delirium tremens no fundo da garrafa
sem cicatriz.
Arrependo os mapas e as legendas
viro assombração e laminada herança
nas letras que brotam das pontas dos meus dedos
ansiosos por dizer.
O que?
Qualquer coisa que se assente
entre os acentos dos vocábulos sem sílabas tônicas
sem musicalidade, sem quase algum .
Paralisia de estrela
cansada de arder respostas.
O caminho de pétalas de rosas existe
e assume proporções de fôlego exposto
nas palmas das mãos suadas
e nenhum outro privilégio
além de no impossível acreditar.




11.06.2010 - 02h03min

Um comentário:

Ricardo Kersting disse...

Um visual trepidante e surpreendente, o que escolheste para teu blog. Gostei da inovação.
Ao mesmo tempo que teus escritos sacodem os marasmos, a nova roupagem também o fará.

Se entendi bem teu poema, ele marca uma espécie de recomeço, ou uma maneira de encerrar algumas polêmicas externas e dizer que agora as coisas estão sob outro enfoque. Já tive essa sensação em outras poesias tuas, mas essa me parece a mais marcante.
Muito bela.
Beijos