quarta-feira, 7 de julho de 2010

Do amor, esse desconhecido

Antes e acima de qualquer coisa
acredito no amor.
Acredito na sinceridade do amor-mentira
que se disfarça de real, por pura diversão.
Mal sabe ele que, ao divertir-se, diverte, também.
E isso é bom.
Acredito na sinceridade do amor-eterno
ainda que a pretensa eternidade dure alguns segundos
alguns milionésimos de segundos
algumas partículas tão pequenas de segundos
que nem tem nome, tão minúsculas são.
O que é o tempo?
Acredito na sinceridade de quem diz se importar
e ao dizer só repete palavras gastas, já ditas
como se fossem pela primeira vez proferidas.
É uma forma de se importar, afinal.
Acredito na sinceridade de todos os amores que tive
de todos os que não tive
de todos os que pensei ter
de todos os que eu gostaria de ter tido.
De um jeito ou d'outro, todos foram meus.
Os de verdade.
Os de mentira.
Os que disseram adeus.
Os que não disseram, mas foram.
Os que não foram, mas também não ficaram.
Os que eu não quis, pelos mais diversos motivos.
Os que não me quiseram, por motivos vários.
Acredito neles todos.

Acredito tanto que sei que todos se esgotaram.
E eu jamais ousarei dizer
que não vivi.








07.07.2010 - 02h18min
Acordando, pra escrever

4 comentários:

Nefasto Curvatório disse...

Você é danada heim guria...me lembrei de uma frase do Cazuza, "Mentiras sinceras me interessam". É isso aí, nosso olhar de poesia sãobre coisas que importam, e que nem todos enxergam tão presos à terra estão. Você nunca cai no lugar comum... Esses amores, e tão inspirada. ótima leitura antes de eu ir dormir...obrigado.

Marcello disse...

Todos foram seus porque VOCÊ foi sincera em todos eles. VOCÊ ganhou. VOCÊ cresceu. VOCÊ foi se tornando (e esse processo é permanente) essa mulher extraordinária, essa poetisa talentosa, essa pessoa fantástica. Eles (nós) perderam (perdemos), porque perderam (perdemos) você.



Beijos




Cello

Simone Toda Poesia disse...

Fabi:

Tu, um dos meus escritores favoritos, agradecendo por um texto meu, me deixa por demais orgulhosa...rs... Estou 'me achando" depois dessa...rs... Eu é que agradeço por todo o tempo que "perdes" comigo, há anos...rs... Mil beijos, querido. Eu te amo, meu irmãozinho, viu?



Cello:

Costumo contar a história de uma antiga e maravilhosa professora que tive, já na faculdade, que vivia me elogiando e me fazendo sentir que eu era o máximo dos máximos. Um dia eu disse que os elogios dela não valiam, porque ela gostava demais de mim, então suas boas palavras eram suspeitas. Ela respondeu que, se não podemos acreditar nas palavras de quem nos ama, podemos acreditar em quem? Jamais esqueci dessa lição. Desde então, aceito alegremente, e ACREDITO em tudo o que as pessoas que me amam dizem. Obrigada, Cello. Sei que gostas muito de mim, e tenho certeza de que sabes da tua importância na minha vida. Beijos.

Edvaldo.P.Campos disse...

Parabéns pelo blog.


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Procurei o amor que me mentiu.
Pedi à Vida mais do que ela dava.
Eterna sonhadora edificava
Meu castelo de luz que me caiu!

Tanto clarão nas trevas refulgiu,
E tanto beijo a boca me queimava!
E era o sol que os longes deslumbrava
Igual a tanto sol que me fugiu!

Passei a vida a amar e a esquecer…
Um sol a apagar-se e outro a acender
Nas brumas dos atalhos por onde ando…

E este amor que assim me vai fugindo
É igual a outro amor que vai surgindo,
Que há de partir também… nem eu sei quando…

(Florbela Espanca)