Indago se me basta
um hoje raso.
Voos interrompidos
buscas com dia e hora
pra despedir os aplausos.
O vale reflete meus desejos e o Sol aquece o grão da uva inda nem nascida.
São longas as madrugadas em que vejo escoar-se de mim o que não houve.
Indago se me soa suficiente
um hoje exausto.
Fatos insistidos
bruscas linhas e honras
pra alimentar os instintos.
Os vãos engolem meus silêncios e a Sombra esquece a língua inda não inventada.
São negras as madrugadas em que, cega, tento desvencilhar-me das teias do que não tive.
Resvalo pelo que me esconde a essência.
Traduzo porões. Engulo cicatrizes. Repito erros. Disperso-me, feito estátua de mercúrio.
Uma palavra me perde. Um juízo. Uma cruz. E os limites me alcançam, famintos.
Sou água, escorrida na semente. Não brota ela. Broto eu, no sangue do dia. Todos os dias.
Vertente invertida.
Eu, aquela que ardia.
26.07.2011 - 03h54min
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