quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Imprecisão

(...esvaziar as gavetas de nada serve
se de notas a cabeça anda cheia...)




Guardo galhos de árvores
que um dia floriram as ruas
enfeito meus dias
com frutas e sais aromáticos
que planto nos sonhos
teias de recomeços
e afuniladas tramas.

Suponho que as somas
salientem horários
e determinem direções opostas
àquelas em que me perco
e encontro culturas dispersas
fumaças e sinais
d'outros tempos.

A tênue linha do absurdo
rodeia meus passos
ridiculamente trôpegos
e sóbrios
e barulhentos.

Um assovio me distingue
dos que desconheço
no horizonte sombrio
que não alcanço
- nem ele a mim -
(grande mistério).

Se conservo
absorvo orações de duplo começo
enriqueço as divisórias do medo
e poluo as entranhas
com alheias devoções
desnecessários parágrafos
no vazio do Tudo.

Alimento
o que não sei ter fome
e mato mais um pouco
do que já sei pequeno
quase extinto
extraordinariamente
exausto
de procuras.


Sou espanto.

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