sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
Desejo
Eu quero compôr um símbolo
que seja o hino do palhaço cantante,
que traja vestido de fitas azuis।
Eu quero cantar afinado:
a voz soprada ao ouvido atento
do umbigo do meu mais que perfeito bem।
Eu quero a guitarra, a cítara,
o atabaque, o berimbau,
a palma da mão, do pé,
da língua que lambe a ferida
feita a fogo e alegria
na beleza da louca canção de Natal।
Eu quero setenta mil vozes comigo
inda é pouco, assim o digo,
que esse povo já nem sabe, pressinto,
que explode o verão e a versão mágica
do abraço apertado, da pele suada,
do quieto gemido। Não minto.
Sei da fala que exala o bendito.
Bem dita figura que embala seus ritos.
No mito reside a mistura
de sonho com vela
de medo e perigo.
É esse o desejo que eu sinto.
Compor meus versos sem rima,
consolo ou condição.
Eu quero a folha virgem,
o presente limpo.
Eu quero um caminho
pavimentado por inteiro
de rosas, chás e algodão...
04.12.2007 - 03h58min
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