domingo, 23 de dezembro de 2007

Enquanto a noite dorme...

Entrego-me sem falso pudor ao ofício da escritura. Escrevinho, rabisco, conserto, apago, desperdiço, produzo ranhuras, lapido, rasgo, aborreço. Sou função de escrita dupla. Não tenho mais nada além da folha pacientemente desvirginada. Abro mão do direito de não surtir efeito sobre os teus pêlos. Arrepio tua pele. Alcanço tu'alma sedenta da força vital do verbo cru. Não sou poeta. Costuro ânsias e alegrias na folha, antes vazia, agora plena de sentidos. Tu os tens. Tu os fazes. Tu te aproprias dos significados, como se a ti fossem dirigidos todos. Não sou poeta. Escrevinho emoções entrelaçadas de versos, costuradas com agulha de tricô que herdei da avó materna. As letras, confesso, roubei das conversas alheias dos amigos que me contam as histórias de tempos idos as memórias de baús antigos. Roubei do baú de tesouros da minha infância primeira. Roubei da gata borralheira que era princesa e não sabia. Roubei de ti, pequeno príncipe, e desse teu olhar que eu não sei se é de luar ou de bola de gude. Roubei de mim, pra colar aqui e deixar assim.... 23.12.2007- 03h14min (Quem disse que insônia é ruim???????????????????)

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