quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Quando...

Se perceberes que se ilumina teu dia.
Se não couberes mais em ti.
Se se alargarem teus sorrisos
sem prévio consentimento teu.
Se te parecer mais quente
o teu próprio suor.
Se tuas mãos não souberem
mais andar sozinhas
e teus olhos ficarem, de repente,
mais castanhamente profundos.
Se tuas preces soarem mais familiares.
Se qualquer distância parecer pequena.
Se tiveres consciência de ti mesmo
e, de uma hora pra outra,
o só imaginado for possível.
Se o cansaço for motivo
pra maior energia
e, mesmo sozinho,
sentires A companhia.
Se o presente estiver embrulhado
em papel transparente
e o conteúdo transbordar
pelo invólucro, iluminado.
Se não importarem as outras gentes
ou as faltas ou as corridas ou as ausências.
Se escolheres uma certa canção
ouvindo-a sempre nova
n o v a m e n t e
inda que depois de 69 mil vezes,
aquele número cabalístico brilhar.
Se o banho lavar o desejo.
Se o ensejo levar tua voz
e tu, assim, mudo mesmo,
fores capaz de dizer,
então não tem jeito.
Fisgou-te o beijo.
O outro tem já o teu peito.
E o riso,
o sol,
a chuva,
a lágrima,
o céu,
a lua,
o verso,
a prosa,
o santo,
o profano,
o inocente,
o sonho,
é de vocês.
17.01.2008 - 15h51min
(Para Roberto Amezquita)

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