quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Esquisitices

Bordo a página que me liberta
dos fantasmas, dos perigos,
das bonecas de pano rasgadas,
das estátuas, das bailarinas...
Meu corpo é palavra que alucina
alucinação que prevalece...
Palavra é faca de dois gumes. Espada que fere e mata o que há de vil na pele o que há de mau na alma. Palavra é magia dúbia às vezes cala às vezes grita. Ninguém sabe ao certo se está empapada de mandinga ou de bom mistério... Palavra é saco de risadas aberto dentro da igreja. S A C R I L É G I O ! Gritam os fiéis do silêncio, explodem as bocas malditas, dispostas a fechar a matraca dos desobedientes, que insistem em proferir dizeres vãos em solo crente. Palavra é privilégio. Peito que verte leite-alimento aos poetas, aos loucos, aos insanos. E S Q U I Z O F R Ê N I C O S que ouvem vozes distantes e são amigos de invisíveis homens nus cantantes, de permanente bom humor. COISA DE LOUCO! Dirão os profetas do pessimismo barato que fazem plantão, ladeados de serpentes, nas portas das casas dos requerentes do seu quinhão de vida e de alegria decente (seja lá o que se considere decente na alegria seja lá o que se considere recente decência seja lá o que se considere decência no dia). MORTE AOS POETAS! Praguejarão os desprovidos de imagens os desprovidos de suavidades os desprovidos de provas de coragem os des-providos de provimentos de beleza, de amor, de sorrisos de palavras. Praguejarão os desprovidos de canetas e os desprovidos de idéias e os desprovidos de sonhos e os desprovidos de palavras. Esses, sim, os esquisitos. Vazios de sentidos ou mistérios. Iguais. Robôs. Repetintes de medos dos outros. Os outros. Os outros. Os vazios de palavras. Os vazios de verbos. Os vazios de si mesmos. Os que silenciam e obrigam o silêncio dos outros... 14.02.2008 - 02h06min

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