segunda-feira, 17 de março de 2008

E agora, Drummond?


Se fico, sou presa fácil

a ver navios sem velas

sem velar o mar azul.

Se parto, morro na praia

esgueirando-me à toa

entre as palmeiras e os orvalhos

de madrugadas sem estrelas

de versos soltos sem poemas

de encantamentos derretidos

nas horas de absoluto pesar.

Se sonho, corro o risco

de acordar exausta e vazia

pra descobrir que o mundo é este

que rodeia minhas crinas

que rareia meus imprevistos

que diminui as possibilidades.

Se acordo, aceito o fato

do sol estar morrendo

do dia ser meu hoje

do riso real que sou aqui.

Se espero, desconfio.

Se desespero, confino.

Se construo, não sei.

Se sei, desenformo.

Torno novo o ontem feito.

Dito minhas próprias regras

meus fusos horários desordenados

minhas impressões escassas

na roda da vida no sono de agora.

A oportunidade estendida

tapete vermelho na escada

que sobe, não se sabe pra onde.

Mas sobe...

E eu não sei onde a opção.

E eu não sei onde a versão

do que é verdadeiro e forte.

E eu não sei onde a escolha.



E agora, Drummond?







Aos 31 minutos do dia 17.03.2008

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