terça-feira, 26 de agosto de 2008
De mãos dadas
Desconto a falta do ponto final
no texto que jamais escreverei.
Essa ruga que me corta a testa
há anos colou em mim.
Antes que eu me dê conta,
uma vírgula tropeçará na linha das horas.
E eu já não serei mais eu...
Nenhuma oração impede o destino.
Imponho minhas escolhas
como se as tivesse, de fato.
Afasto a mudez da transcendência
e reconheço, em certo grau, inda ser menina.
Quero colo. Tenho colo pra oferecer.
Avalio as conclusões da primeira quarentena
e descubro ter alcançado mais do que desejei.
As rimas pobres me atraem
as miseráveis me apaixonam.
Quero todas as escadarias na minha casa
degraus pra onde não sei
degradês de versos tolos
que vertem dos vôos que não fiz.
Que jamais farei.
Milagre é a minha caneta riscar sabores
nessa página manchada de tinta incolor.
Acomodo as pernas sobre a cadeira
e faço deste o meu mundo,
longe dos tapetes persas e dos moribundos
marimbondos e suas vespas.
Decido que minha trilha sonora diária
será essa tua voz de música.
Não amasso o pão já amassado da noite;
compro drops de hortelã e não chupo nenhum
é o teu gosto que eu procuro
no barulho das ruas do centro da cidade que borbulha.
Poesia é desabafo de paixão.
Assombração que persegue a ciência que nos confunde.
Não quero verdades inexistentes.
Não quero a morte disfarçada de erudição,
muito menos de fidelidade fingida.
Prefiro um 'nóis vai sê vencedô'
enquanto tiro o corpo da roupa
e banho a pele despida de pêlos.
Sou raíz exposta às intempéries
e todas as possibilidades
me são prováveis.
Ou não...
Ou não...
26.08.2008 - 15h02min
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Um comentário:
Dónde hay un túnel aunque ha sido tapado se vislumbra la luz en las pupilas de un otro que se desvanece andaremos esa calle aunque el tiempo desconfigure nosotros los otros de manos des-dadas te mando un abrazo y espero me escribas pronto que aún sombra de una sombra soy en este mundo de angustía
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