
Desiludo a energia;
concentro a nudez
diante do véu vazio.
Escrevo pra entender
mas também pra mostrar
que não entendo.
Desenho pra pretender
encontrar o traço
que perdi n'algum lugar
desse trajeto que desconheço.
Escancaro as portas e janelas
e pesco palavras em outros idiomas
na busca d'alguma tênue ligação
com o resto da humanidade.
Desiludo a concentração
que já desistiu de mim faz tempo.
A saudade não me dói mais.
Anestesio meus passos
a r t i f i c i a l
m e n t e...
Decido dormir mais cedo
decido fazer mais coisas
decido roer meus dedos
decido rompantes outros
pra depois
decidir desistir de todos eles.
As pessoas se perdem
nas ondas de um mar
d'águas dessalgadas;
nem doces nem pequeninas,
muito menos acesas
por ventarolas agitadas.
As pessoas se perdem
na marola.
Desiludo a folha seca
que esvoaça ao vento
feito pena
feito feno
feito flor em movimento
devasso.
Desiludido de tudo.
Desencontrado de nada.
De-se-qui-li-bra-do.
Quem, eu?
11.09.2008 - 01h08min
Um comentário:
oi caríssima, adorei a frase " as pessoas se perdem nas marolas"; parece-me que o mundo é o mar, e as pessoas se perdem assim mesmo.bjs.
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