terça-feira, 2 de setembro de 2008

Mestre*

É oportuna a tua idade. São maníacos os mornos que esperam por ti. Os bons ventos não trazem notícias, trazem apenas movimentos, que a gente transforma no que quiser, no que puder, no que possuir. Os muros dividem lotes. E a lotação vem abarrotada de suores. O suor do teu trabalho é mais forte que a peçonha dos que se enroscam entre as pedras vazias do chão que já pisaste. O sucesso te aguarda logo ali, depois da curva. A mesma curva por onde desapareceram os medos dos que arriscaram. Vai. E cá estou eu, de novo, embriagada com os versos do maestro Segundinho. Saturada da beleza de tuas letras. Ressaca? Não sei se perfeição produz ressaca. Parece que sim. Doem-me as têmporas. Dói-me o peito, como se teus versos fossem chagas a me consumir. Não, isso não é ruim. Não é um destruir. É um corroer. O que todo poema deveria provocar no leitor. O corroer d'algo doente que habita na gente, e que tem que morrer. Poema-remédio. Poema-dor. Doem-me os olhos, que lutam pra não deixar rolar a lágrima que teima em sair deles. Talvez ela também queira fazer parte do poema. Ou roubar-lhe um pouco da força que há nele. Quem pode saber? Eu não sei. Eu não sei de nada, quando quedo aqui, e admiro a obra do maestro/mestre Segundinho. E curvo-me, em reverência, antes de agradecer. 02.08.2008 - 0h40min
*Comentário para ASA DE COBRA e VERSOS AVESSOS
do Grande Glauco César II

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