É oportuna a tua idade.
São maníacos os mornos que esperam por ti.
Os bons ventos não trazem notícias,
trazem apenas movimentos,
que a gente transforma no que quiser,
no que puder, no que possuir.
Os muros dividem lotes.
E a lotação vem abarrotada de suores.
O suor do teu trabalho é mais forte
que a peçonha dos que se enroscam
entre as pedras vazias do chão que já pisaste.
O sucesso te aguarda logo ali,
depois da curva.
A mesma curva por onde desapareceram
os medos dos que arriscaram.
Vai.
E cá estou eu,
de novo,
embriagada com os versos
do maestro Segundinho.
Saturada da beleza de tuas letras.
Ressaca?
Não sei se perfeição produz ressaca.
Parece que sim.
Doem-me as têmporas.
Dói-me o peito,
como se teus versos fossem chagas
a me consumir. Não, isso não é ruim.
Não é um destruir.
É um corroer.
O que todo poema deveria provocar no leitor.
O corroer d'algo doente que habita na gente,
e que tem que morrer.
Poema-remédio.
Poema-dor.
Doem-me os olhos,
que lutam pra não deixar rolar a lágrima
que teima em sair deles.
Talvez ela também queira fazer parte do poema.
Ou roubar-lhe um pouco da força que há nele.
Quem pode saber?
Eu não sei.
Eu não sei de nada, quando quedo aqui,
e admiro a obra do maestro/mestre Segundinho.
E curvo-me, em reverência, antes de agradecer.
02.08.2008 - 0h40min
*Comentário para ASA DE COBRA e VERSOS AVESSOS
do Grande Glauco César II
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