domingo, 7 de setembro de 2008

Sem a letra

A letra desapareceu
perdida nas tralhas da vida
escorregada nos limos
das discordâncias várias
a letra sumiu
ninguém sabe
ninguém viu.
Inconformados os poetas
os literatos
os críticos
os incrédulos
não rimam
com diários
nem com nada
mais.
Nada que combine
a sílaba no espaço.
Nada que culmine
em beleza.
Nenhum ritmo
suficiente.
Nenhum laço.
Nenhum lapso.
Nenhum impertinente
pensamento.
Nenhuma orientação.
Não há Norte.
Não há morte.
Não há confusão.
Tudo na mais perfeita paz.
Harmonia artificial
sem a letra.
Sem a canção da voz.
Não há motivo
nem solução.
Hoje o sol não nasceu.
Hoje não se estendeu a mão.
Hoje falta o sentido
o significado
a razão.
A letra não apareceu.
Não houve chance de pedir perdão...
07.09.2008 - 23h58min

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