terça-feira, 20 de janeiro de 2009
Doideira
Hummmm... tem uma teia de aranha logo ali
uma barata passou correndo
em direção à cozinha
ai
ai
ai
só falta rato
e ratoeira
e barulho de roedores
pelos cantos do bar
ai
ai
ai
uma teia de aranha logo ali
quando é que vamos movimentar
logo aqui?
aqui?
aqui?
uma teia de aranha logo ali
e minha poesia tá presa
emaranhada
nas colas caladas
dos poetas anônimos
dos conhecidos anônimos
dos sinônimos
antônimos
parônimos
será que são parecidos
com o rato
que roeu a corda
da aranha
logo ali?
e o meu verso
que não se solta
dessa teia colada
dessa teia liberta?
e o teu siso
que não se arrisca
no vôo impreciso
que a teia permite
logo ali?
cadê esse meu povo
que não vem aqui de novo
pra matar a aranha
pra pisar na barata
e assustar o rato
que rói esse meu verso
sem nexo
sem queijo
sem acento agudo
ou circunflexo?
e a teia persiste
em prender meu poema...
Moço, um copo de suco de laranja
por favor, sem teia de aranha
sem barata boiando
sem pêlo de rato
(ai, que esse acento já era...
e eu não sei mais escrever...
ai)
19.01.2009 - 06h
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