E eu aqui,
dê-lhe escrever em branco
nas páginas turvas de uma vida incógnita.
Pra que toda essa luta?
Pra que toda essa verve?
Se os pássaros morrem nos ninhos
e as liras não tocam mais
que uma nota mínima por dia?
Pra que toda essa lisura
de dias acesos nas bordas de um sol sem pontas
pontiagudo mito?
Pra que toda essa candura
se os treinos não levam à taça
se os pacotes se abrem vazios
e os instintos são facas de corte?
E eu aqui,
dê-lhe permitir um instante
de solidão...
25.03.2009 - noite
Um comentário:
Oi Simone.
Confesso que não me sinto muito à vontade para comentar este lindo poema. Pela razão simples de não entender por mais que pense e reflita. Se fosse me basear em algumas frases em que demonstras uma angústia velada que em certos aspectos são quase um lamento, digo quase por saber que o lamento não combina contigo, se fosse me basear pensaria que estás sofrendo por não entederes o teu sonho, por não teres certeza que ele possa se realizar.. Se fosse me basear nessas frases, certamente erraria, pois em seguida uma palavra como "solidão" colocada de tal forma a encerrar o poema, entretanto a demonstrar que tu não acreditas nela. Acho que esse poema talvez seja o mais completo que eu já li da tua autoria, porque falas duma ansiedade não assumida e um esquecimento, algo que ficou preso no tempo e que não queres soltar tão cedo.. Errei? é possível, mas não é provável.
Beijo
Postar um comentário