quarta-feira, 25 de março de 2009

Peremptório

Sou o resto eterno
de minh'alma mortal.
Imobiliza-se o instante
sob o piscar perambulante
de um único olho vazado.
Esvazio o cilindro de couro
e escuto as vozes distintas.
Não sei o que é o mar
nem as sereias e seus cantos
encantos certeiros
de navios pesqueiros.
Mas
alto lá!
D'onde surgiram as vigas
amareladas e puídas
que emergem de negras nuvens opacas
nos dias de azul celeste anil?
D'onde, a poesia melosa
que deita os dedos em prosa
e contradiz a malícia
o desperdício
a poderosa e intacta tontura?
D'onde os mergulhos no nada
as canções jogadas
nos cantos dos planos arredondados
que a gente nem discutiu?
D'onde a imagem heróica
de um deus paralítico
que desfez os cadarços
dos tênis importados
de um certo aprendiz?
E eu aqui,
roendo as unhas e os dias
enfrentando as fronteiras do medo
afrontando as paradas exigidas.
E eu aqui,
(dentro do soco na boca do estômago da noite)
sem saber pr'onde ir...
Tem alguém aí?
25.03.2009 - 20h10min

Um comentário:

Ricardo Kersting disse...

Não podemos afirmar nada peremptoriamente, pois daí não tem como negar.
Cuidado!!!!
Beijo