sábado, 8 de agosto de 2009

Absurdos

E se essa chuva tiver gosto
de bala de hortelã
na boca de uma (in)tensa manhã?
E se a tarde tiver incenso
cobrindo a avenida nua
e a rua orvalhada não der um passo
nem um martelo nem um sussurro?
E se a árvore da vida
jamais nascer de fato
e o cabo da vassoura
virar um grande retrato
no embrulho de presente
que esqueceram de oferecer?
E se a chave não couber na fechadura
e não houver outra saída
além da abóbada terrestre
onde os ETs estão de partida?
E se o bruto virar padre
e o cabelo abrilhantar o escuro
na pretensa despedida
de um sem terra ou sem estudo?
E se a proposta não passar de acaso
e o orgulho não cobrir o rasgo
feito no lençol do abuso
quando o gasto e o absoluto
simplesmente passarem da medida?
E se a conta e a perfeição
forem irmãs da conversa
e a discussão disser que não interessa
o fio da navalha estendida?
E se tudo não passar de um grande erro
ou de um tropeço
de um soluço
de um começo?
Que começo?
O começo do absurdo?
08.08.2009 - 14h15min

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