sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Solução




Dançam meus neurônios
na festa de despedida da lucidez
são pesos e peças descalços
no meio das avenidas vaporosas
são sons e dormências
nos fornos das casas sem guardas
sem proteção.
Bailam minhas ilusões
sobre o sangue das feridas expostas
sobre os anéis de um Saturno apagado
pintado na barra do meu vestido azul.
Rodopiam minhas permutas
entes assustados borrados de pó compacto translúcido
nas palmas de trêmulas mãos acidentadas
que não valsam nem falseiam a verdade crua.

Não perco nada do que me pertence
não penduro as chuteiras que nunca tive
nem sinto cócegas com o gás do champagne que não bebi
não bebo
não fumo
não verbalizo o que não sinto
não sopro as dores que me derrubam
nem compartilho as dúvidas que me perturbam o sono
em dia de sol ofuscante
e clara intenção de durar.

Sou treva e vento forte
geleira no norte
fogueira de escravidão.
Sou pretensão e paciência
solta nos prados que desconheço
absorta nos pensamentos
que não suam palavras
nem desmentem canções.




18.12.09 - 21h25min

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