segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Tambor

Fisguei o canto da letra
guardanapo vermelho macio
desperdício ilusório
canção de galo arredio.
Desfiei o valor do salário
na vírgula cansada
no tremor do arrepio.
Não ousei dizer o contrário
nem amparei a nuvem cinza
sobre a frase errante
de doentes bordas virís.
Pisei fundo e vilipendiei
os deuses
os astronautas
os inventores de leis.
Construí o meu mundo
e nele me instalei.

Pago meus erros
meus pecados
meus defeitos
todos
sem cuidado
ou alívio
ou saber.

Meu mundo
tem quatro carvalhos
e uma janela
vazia de imensidão.

Escrava falsa
aceito o fado.

Danço na última cratera da lua
no último anel de Saturno
na última estrela que brilhar.

Escrava falsa
'proibido se queixar'...






25.01.2010 - 15h58min

Nenhum comentário: