não precisem das horas
e as explicações tardias
sejam pingos dos 'is' resvalados
d'alguma insana profecia dormida.
Rabiscar telhados
é chover imprevistos.
A ingenuidade é irmã da insensatez
e acomete os poetas bêbados de rimas
sempre que os olhos deixarem de ver
o infortúnio das eras
nas palmas das mãos partidas.
Os versos longos
são frutos de linhas salientes
gás de lágrima
folha na planta do pé.
A cintura da vida
dispensa da castidade o cinto.
Assunto proibido
nas rodas da fortuna
ou nas dos excluídos
tanto faz
é tudo a mesma aberta lacuna.
As unhas esmaltadas
disfarçam o vício
a falta de sono repetida
a inspiração que não se afasta.
Os ocasos são mistérios mal resolvidos
acompanhados de letras opostas
rabiscadas à revelia
por algum cego sem lei.
A complexidade não resgata
nem assalta o ponto negro
na base do aveludado luto
que esconde os figos
e as feridas
abertas em cicatriz.
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