Eu sou uma mistura de mundos
e uma mistura de 'mins'
mil palavras emaranhadas
 emaranhados de muitos 'sins'.
 Eu sou o que não sei
 talvez apenas o que sobrou
 ou o que ainda não inventei.
 Eu sou meio confusa
 todos os dias da minha vida
 e meio obtusa
 nos outros que ainda não vivi.
 Eu sou metades rasgadas
 das pessoas que passaram por mim
 e outras partes de mercados
 das andanças que fiz por aí.
 Eu não sei quem eu sou.
 Se canto meus delírios,
 sou rouxinol.
 Se choro minhas dores,
 sou anzol
 preso à boca do tubarão faminto
 de carnes
 das minhas carnes expostas
 que eu guardei pra ti.
 Eu sou meu umbigo
 meu ventre e meus olhos
 tudo junto
 e sem demora
 suspensos num arame farpado
 manchado de sangue
 do teu sangue velado.
 Eu sou o sono que não tenho
 e a vigília que desperdicei
 na hora em que deveria descansar.
 Sou a areia escorrida
 dos dedos molhados e oleosos
 do mar poluído 
 o único que conheci.
 Eu sou meus ouvidos aumentados
 e a lua que apaga
 o brilho do sol pálido.
 Eu sou um respingo de tinta
 ou talvez um beija-flor pintado
 na tela do artista anônimo
 na página do livro não lido
 jamais editado.
 Eu sou o fracasso e a luta
 a guerra e a bem-aventurança
 a vitória e a lembrança
 de tudo o que haverá de vir.
16.02.2010
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