quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Eu, de novo, em mim



Eu sou uma mistura de mundos
e uma mistura de 'mins'
mil palavras emaranhadas
emaranhados de muitos 'sins'.
Eu sou o que não sei
talvez apenas o que sobrou
ou o que ainda não inventei.
Eu sou meio confusa
todos os dias da minha vida
e meio obtusa
nos outros que ainda não vivi.
Eu sou metades rasgadas
das pessoas que passaram por mim
e outras partes de mercados
das andanças que fiz por aí.
Eu não sei quem eu sou.
Se canto meus delírios,
sou rouxinol.
Se choro minhas dores,
sou anzol
preso à boca do tubarão faminto
de carnes
das minhas carnes expostas
que eu guardei pra ti.
Eu sou meu umbigo
meu ventre e meus olhos
tudo junto
e sem demora
suspensos num arame farpado
manchado de sangue
do teu sangue velado.
Eu sou o sono que não tenho
e a vigília que desperdicei
na hora em que deveria descansar.
Sou a areia escorrida
dos dedos molhados e oleosos
do mar poluído 
o único que conheci.
Eu sou meus ouvidos aumentados
e a lua que apaga
o brilho do sol pálido.
Eu sou um respingo de tinta
ou talvez um beija-flor pintado
na tela do artista anônimo
na página do livro não lido
jamais editado.
Eu sou o fracasso e a luta
a guerra e a bem-aventurança
a vitória e a lembrança
de tudo o que haverá de vir.



16.02.2010

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