quarta-feira, 3 de março de 2010

Instalação

Alumínios nas prateleiras
e espaços entre os dentes dos pentes
quebrados de tanto uso em cacos de cabelos
molhados.
Encostados às janelas
estilhaços de pensamentos impróprios
feito azulejos portugueses
das casas de chá
onde algozes se empanturram de riscos de giz.
Discos violetas assombram os ratos
e os letreiros das avenidas empoeiradas
nas celas dos presídios
e nas fardas amassadas
dos escaravelhos mortos
espalhados pelo caminho das pedras.
Fumaças e fornalhas agourentas
agora são escadas
e buracos nas águas calmas
de poços artesianos em desuso.
Se os monitores já não assumem
suas próprias posturas
que se dirá dos deuses caídos
e dos anjos abjetos
objeto de escárnio e descaso e fantasias mil.

A arrumação é descaminho
d'arte.
A arte é desalinho
da intenção.





03.03.2010 - 23h41min

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