quinta-feira, 13 de maio de 2010

Desdizer

Calo.
Na garganta, os calos se avolumam.
De gigantescas proporções
as nuvens rolam num céu de anil
manchado de negrumes.
Nos calcanhares
as asas alçam vôo
sem pressa de voltar.
Um risco violeta
corta os dias.
A esteira  ameaça a linha.
Na estreita via de acesso,
um desvio
"fechada para reforma"
é o que diz a placa.
Ninguém lembra do começo
nem o quanto valeu chegar até aqui.
Eu sim.
Mas calo
e os calos se avolumam na garganta.







13.05.2010 - 16h






3 comentários:

Ricardo Kersting disse...

Hummm! não sei se concordo com o(a) leitor(a) aí de cima...
Mas relativo ao texto, assim como sei que sabes silenciar, (o silêncio é uma arte), sei também que sabes calar. Os calos se avolumam, mas ninguém mais do que tu mesma pode soltá-los ou não. Como dominas elegantemente a arte da palavra, sei que tens o calar como um aliado.
Escreves bem e muito, mas nunca será o bastante.
Saudações azuis, do céu..

Maria Eduarda disse...

Pois é, às vezes a gente não consegue falar. Não sei se é porque não se tem coragem, ou porque se sabe que os ouvintes não entenderiam nada. Daí se escolhe calar. E isso fica preso na garganta, feito câncer. E, como ele, pode matar. Se não matar literalmente, pode matar o que provocou esse calar.
A rima não foi intencional e nem ficou bonita, mas queria que você percebesse que sei muito bem como você se sente.


Maria Eduarda (Imperatriz - MA)

Simone Toda Poesia disse...

Maria Eduarda:

É bom ter um eco, ainda que seja de tão distante...rs... Imperatriz guarda bons amigos meus, pessoas que prezo muito e de quem morro de saudade. Guardo bons laços com os maranhenses...rs... Obrigada por entenderes muito bem o que digo..rs...


Ricardo:

Calo na garganta é um problema sério...rs... já tentaste alcançar tua garganta com o dedo? Dá uma ânsia terrível...rs... Imagina extrair um calo de lá. Ok, tem a contrapartida: se o calo ficar muito grande, pode fechar a glote e aí babau pra Simone. Pois é exatamente isso...


Abraços