Sempre insuficiente tempo
Presente de grego
No bolso da vida
Breve, muito breve suspiro
Sopro de sofreguidão
Interrompido susto
No âmago da vida
Corte brusco de navalha cega
No que se pretendia vasto
Vaga sensação de infortúnio.
Cuidado ao guardar lembranças
Risos, assuntos, assombros
Embrulhados na caixa de Presente
Que se recusa a ficar no Passado
Inda que a queda a tenha estraçalhado.
Nada que doa, me vale a pena, poetaria Pessoa
Enquanto minha poesia é quase um gemido
De todas as perdas de todos os anos idos
E do último verão, congelado no derradeiro frio
De um inverno que custa a passar
Doendo-me muito mais que as juntas
Torcendo-me as entranhas
Estranhando-me os pensamentos.
Ainda assim, nenhuma mácula atinge
O profundo que não é ouro
Mas vale mais que qualquer brilhante.
Ainda assim
Ninguém nem nada preenche
O espaço vazio
Que assim ficará
Té que a terra cubra esses meus olhos
Que tocaram os dedos do impossível
E por ele devorados foram
Sem direito à réplica, súplica ou desistência
Sem direito algum
Além do gosto de alumínio
Na porta dos próximos anos.
E por ele devorados foram
Sem direito à réplica, súplica ou desistência
Sem direito algum
Além do gosto de alumínio
Na porta dos próximos anos.
12.06.2011 - 20h
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