quinta-feira, 14 de julho de 2011

Possessão

A realidade que eu guardo
é a ponta do grampo
de uma fotografia
que o delírio me permite possuir.
O que meus dedos tocam
são meus minutos-limites:
é o que eu tenho de meu.
Meus sobrepostos pertences
estão no meu hoje.
Meus remendos
imprestáveis pressupostos
de esquecimentos.
Eu sou o que hoje guardo
nas entrelinhas
das minhas medidas
feixes de nervos expostos.
Exporto dicionários
de cicatrizes perfeitas
e sinônimos duvidosos.
O que adivinho
o que suspeito
imagino
sonho
ou desejo
é ilusão.
O que me esvai dos dedos,
lembrança.
O que tenho
de fato e de direito
é o agora
e é nele que eu me liberto
é dentro desse mito
que eu moro
e suo
e sou.



14.07.2011 - 18h35min

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