segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Herança

No ralo da pia
quase no primeiro golpe
a foice acerta o Norte.
Sede.
Meia de seda rasgada
joelho no chão duro
de velas amadurecidas há séculos.
O orvalho fede a cachaça.
Já não se pode buscar quimeras
nem levantar bom testemunho
em defesa das próprias ideias.
A justiça é fumaça de cigarro úmido
apagado na sarjeta dos corruptos.
Construto de veias
e longas alamedas
de incerto destino
a ultrapassado jargão.
Gota que pinga o sal
da saliva da cegueira
de toda uma geração.
Pernas de pau
bambas.
Incensário extinto.
Maldição.



31.10.2011 - 14h37min

Um comentário:

Vitor Reis disse...

quando o poema faz a confissão,
contramão...
ojeriza-se,
suaviza,
de joelhos ou não,
não mais maldição,
nem herança...

só o ensino, lembrança...

;-)***
tdo de bom/bem sempre, nuvem d'versos