Faço versos como quem vai à feira.
Como quem se balança
no pneu pendurado na árvore
do quintal da casa do vizinho da direita.
Faço versos como quem toma banho
na água morna do chuveiro novo.
Escorrem pelo corpo as palavras aceitas
lavam a alma os melhores vocábulos escolhidos.
Faço versos como quem se vê ao espelho
sou eu e a imagem e o novo e o velho
cabelo em desalinho, olhos sonolentos,
escovar os dentes, o sono que sempre nego.
Faço versos como quem cuida de um filho
carinho, cuidado, afeição e desvelo
tudo no mesmo momento, de mãos dadas,
de braço dado, de orelhas em pé,
de olhos atentos e beijo na testa suada do menino.
Faço versos como quem faz amor
rebuscado amor na folha de papel sulfite
revoltado amor na tela brilhante do micro
correspondido amor mergulhado no seio
do corpo presente... do teu corpo presente...
Faço versos como quem acredita que faz poesia...
20.01.2008 - 21h46min
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