domingo, 20 de janeiro de 2008

Natural


Faço versos como quem vai à feira.

Como quem se balança

no pneu pendurado na árvore

do quintal da casa do vizinho da direita.

Faço versos como quem toma banho

na água morna do chuveiro novo.

Escorrem pelo corpo as palavras aceitas

lavam a alma os melhores vocábulos escolhidos.

Faço versos como quem se vê ao espelho

sou eu e a imagem e o novo e o velho

cabelo em desalinho, olhos sonolentos,

escovar os dentes, o sono que sempre nego.

Faço versos como quem cuida de um filho

carinho, cuidado, afeição e desvelo

tudo no mesmo momento, de mãos dadas,

de braço dado, de orelhas em pé,

de olhos atentos e beijo na testa suada do menino.

Faço versos como quem faz amor

rebuscado amor na folha de papel sulfite

revoltado amor na tela brilhante do micro

correspondido amor mergulhado no seio

do corpo presente... do teu corpo presente...

Faço versos como quem acredita que faz poesia...





20.01.2008 - 21h46min


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