domingo, 30 de março de 2008

Atentado contra a poesia

" Existem milhões de germes de poesia morrendo dentro dos seres humanos. Serão mortos por não serem devidamente alimentadas com os nutrientes da realidade, da paixão, da esperança, da liberdade, da Verdade.Eles foram aprisionadas pelo homem cotidiano, abandonados à fossa, sem água e sem luz. Deram ao tempo a infeliz missão de buscar arrancar-lhe o suspiro vital. Foram amordaçados e serão destruídos pela suas próprias emanações de emoções e forças instintivas, produzidas naturalmente para serem canalizadas em atividades criativas, enriquecendo-lhes suas existências neste universo de beleza e mistério.Os homens cotidianos são máquinas hipnotizadas pelo dinheiro, sexo e sucesso (sucesso?), sucesso da fama, do infantil desespero pela atenção, não o sucesso da realização da autêntica felicidade que nada mais é que a paz. Assassinarão a graça, e beberão para tentar gargalhar. Assassinarão a sabedoria, e fumarão para tentar pensar. Assassinarão o amor, e se masturbarão para relaxar. Assassinarão a liberdade, a justiça, e vão obedecer a lei do egoísmo, do nepotismo, da convencionada corrupção. Fechar-se-ão para sua característica de colocar-se no lugar do próximo em nome da ambição.Os homens cotidianos estão exterminando o que existe de vida neles, para depois seguirem como zumbis em direção a igrejas, procurando em imagens e no céu o Criador, sem se darem, por nenhum ínfimo segundo, conta que a divindade habitava o seu ser, em forma de liberdade, de criatividade. Sofrerão de lapsos, vultos da alma pura, impotente, derrotada pelo jogo dos sentidos que cuidará de fazer de seus donos mortos-vivos esperando a hora de dormir. "
Shirov Jarzida
*Texto postado por MANUEL, em
30.03.2008 - 20h04min

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