sexta-feira, 6 de junho de 2008

Possibilidade

E todos os poemas que ficaram velhos de não ver as folhas, esquecidos que estavam nas gavetas emperradas de sentires igualmente de lado deixados? E todos os versos expostos que foram lapidados com orgulho cuidados e alinhados um a um feito trabalho de ourives? E todos os rebuscados verbos que expressavam a dor, a saudade, a paixão de momentos que se foram, ou que tarde já vão, de momentos que marcaram e que ficarão? E todas as linhas, caprichosamente estendidas na sequência das horas em que derrubaram as escoras e os temores e os absurdos cansaços que jamais representaram fracassos? E as noites insones, os litros de tinta derramados no papel amassado molhado de lágrimas que não poderiam de jeito nenhum, de jeito maneira, ser derrubadas diante de testemunhas neutras que fossem? E os risos que não se desprendem dos vocábulos estreitados pelas descrições imperfeitas porque perfeitos só os sons deles proferidos por ti. E nós...nós, que já fomos, que já voltamos, que agora estamos sós. E nós... aqui, sem remédio, sem licença, sem lembrança que impeça a crença de que sim nós somos possíveis. E mesmo que não fôssemos... Seríamos.... 06.06.2008 - 01h51min

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