sexta-feira, 5 de setembro de 2008
Ainda...
Têm sono esses meus olhos risonhos.
Tem risos essa minha boca de sono.
Tem sonhos essa minha vida de passos
trôpegos pousos de vento...
O riso é meu desafio diário
que carrego debaixo do braço
para as ocasiões premeditadas
não por mim, pelas cartas marcadas
dispostas sobre uma mesa invisível
que eu não aprendi a virar.
Ainda.
Ando em zigue-zague e apronto
a refeição de sempre: poesia.
Porque meu trem já descarrila
na linha reta que se aproxima;
sem passageiros outros, além de mim.
A folha seca pelo sol
estala debaixo do meu pé.
(Ou será o sol que estala o meu pé,
sem querer?)
Conjectura infantil de quem se recusa a crescer.
As unhas se quebram.
Alguém quebrou a vidraça da loja.
Alguém quebrou o relógio da praça.
Alguém não quer que as coisas durem.
Dura é a partilha da dor.
Parto a laranja ao meio
e como as duas metades.
Medo é arrependimento antecipado.
O concurso ainda não mandou o resultado.
O paralelo é só o outro lado da mesma coisa.
O sufoco é só mais um jeito de mentir.
O poema ainda não calou o monstro.
Ainda.
(Alguém mora em mim...)
05.09.2008 - 01h28min
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