
Eu sou o vento e a fantasia.
Sou poesia e solidão.
Sou o que está à mão e o que escapa.
O que escorre entre os dedos e o que maltrata.
Sou a nudez e o exagero,
a febre, o sono e a delícia,
a água na boca, a preguiça,
a faca, o queijo e a reticência.
Sou o disfarce de gente, da demência,
e um anjo de candura na letra.
Sou um grito calado,
uma espécie de riso apenas sugerido,
um tipo de dor inda não inventado.
Sou a pretensão, o divórcio, a escolhida.
A fera, o fogo, a exata medida.
Sou a desconfiança vestida de mulher
e a confiança cega, travestida de infância.
Sou a relevância e a figura em quinta dimensão.
Um sim prematuro. Um amargo não.
Sou a fé sem fundamento e o soco certeiro, de direita.
Sou a trave no olho e o tremor dos lábios, na hora do adeus.
Sou o próprio adeus e o sorriso de boas vindas.
Sou as rendas e as pintas das joaninhas verdes,
que esvoaçam entre as flores vermelhas.
Sou as trepadeiras e macieiras cheias de frutos doces.
Mas também sou o frio, a fome e a miséria.
Não pague pra ver.
(O que diriam teus pares, quando, afinal,
descobrisses que apesar de tudo isso,
ainda assim quiseste me ter?)
Aos 02 minutos do dia 22.03.2009
Um comentário:
Lindo poema, Simone. Do zero ao infinito em poucos segundos.
Pares que me perdoem, ter é fundamental.
Bjs.
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