terça-feira, 25 de agosto de 2009
Dá licença?
A poesia pede passagem
perde uma vírgula no caminho
uma perna de um A na outra esquina
e um verso manco no banco da praça
sem nenhum desmerecimento desse ou daquele
sem nenhum constrangimento desse ou daquel'outro
sem nenhum absurdo entretenimento de todos
confunde B com C e defende a supremacia do grande T.
A poesia inventa palavras absurdas
e costura vocábulos de rua
formando vestidos de sol pra lua nua
dançar um tango em plena Praça da Alfândega
em Paris.
A poesia mistura tudo e já não diz
coisa com coisa ou coisa com meretriz
escrita em decassílabos perfeitos
nos lençóis d'algum motel barato
de beira de estrada deserta
onde bêbados cantam enrolado
e cães ladram sem trégua.
A poesia penetra nas casas alheias
e nas alheias mentes urbanas
nas despertas mentes rurais
e nas mentirosas mentes dos pedestais de prata
inalcançáveis em suas brilhitudes.
A poesia planta raízes de novos dizeres
nunca dantes suspeitos
de crimes contra a língua de sapo
enrolada dentro da boca da mosca.
E espanta os acomodados que tem olhos
mas esqueceram de acender as luzes de dentro.
Dá licença?
25.08.2009 - 16h20min
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