quinta-feira, 29 de abril de 2010

Das palavras. De novo. Outra vez.

Mais de uma vez escrevi sobre as palavras e suas armadilhas.
Mais de uma vez escrevi sobre as palavras e seus mistérios.
Mais de uma vez escrevi sobre as palavras e suas aderências.
Mais de uma vez escrevi sobre as palavras.
Dá-me vontade de rir dessa sede que tenho
de dizer o que me provocam as palavras
essas insensatas bastardas
que teimam em querer se definir
a partir dessa minha necessidade de escrever.

Mais de uma vez escrevi sobre as palavras
e que outro instrumento mais provável poderia haver
que elas próprias falando de si mesmas?
Té busquei alternativas outras
interessantes e talvez com algum toque diferente.
Nada, porém, mais me satisfaz, que as palavras.

Inda que elas sejam usadas pra me enganar
inda que elas sejam usadas pra me ferir
inda que elas sejam usadas pra fingir o que de fato não é.
Instrumentos de tortura, afago ou fé
tanto faz, não importa o aprendiz
nem que o resultado delas
me seja outra cicatriz.
Há tantas em mim!
Outra, pouco faria diferença...

Mas as palavras riscam meus caminhos
surrupiam meus sonhos
deliram minhas veias
amaldiçoam meu futuro que nunca será.
E eu sei que é assim.
As palavras me enrolam
me amordaçam
me sequestram
e me matam.
Sim.
As palavras me matam.
Morro na boca delas todos os dias.
Pelo mal, mas, principalmente, pelo bem.
Morro pelo bem delas
que povoam meus pensamentos mais íntimos
e dançam entre as imagens mais queridas
e os sons que guardo pra mim.
E todas as minhas exposições.
Eu, publicamente nua,
sem pudor ou decência,
nas palavras que digo, que faço ouvir,
que defendo, que cuspo, que escrevo
inclusive nas que planto em versos
feito bordados de candura.
Eu, vestida só de sentimentos.

Mais de uma vez escrevi sobre as palavras
e sei que elas são vento...







29.04.2010 - 22h54min

2 comentários:

O Artesão disse...

As palavras saem da gente e criam vida própria. Você volta a esse tema, de vez em quando. Acho que elas ferem mais você, por causa da importância que elas têm na sua vida. Você não estaria levando as coisas a sério demais? Sabendo que as palavras são vento, descanse. Não deixe que elas machuquem você ou que quem as diz tenha o poder de enganá-la e até (muita maldade) magoar você. Não permita. Encare palavras como palavras e atitudes como algo que fica. Vento passa, mesmo que tenha soprado gostoso. Pense nisso. Beijos.

Alex disse...

Palavras? Blá blá blá. Não ouço, nem digo. Ajo. É isso aí.

Abração.