sábado, 29 de maio de 2010

Do que há em mim*

Sou tudo e mais um pouco.


Além do que se pode entender.

Aquém de quem eu gostaria de ser.

Sou prata da casa e

casaca virada no quintal deserto.

Sou esposa e amante.

Sou espinho e razão.

Sou nada e menos um pouco.

Alimento de fera

e ferida exposta de verão.

Sou voz presa na garganta

e garganta seca

pendurada no cabide do dia

inda não nascido

sem a menor previsão.

Sou ponta de iceberg

e oceano revolto

bem no meio de florestas tropicais.

Sou neve e sorvete de uva.

Sou folha de plátano

voejante de amareladas resistências.

Sou o que nunca pensei

penso quem nunca fui

e talvez quem jamais serei.

Sou a repetição da imagem perdida

e a perdição na esquina de luz

que o sol acendeu

depois de ascender a alma

nas conchas das mãos do amor.

Sou eu e ninguém mais além de mim

na caixa que eu chamo de corpo

e que abriga dentro

misturados a tudo o que vivi

minha filha e meu homem

desde antes

e pra muito além

de tudo o que existe

e de tudo o que haverá de ser.



29.05.2010 - 16h
*Da Série SOBRE QUEM SOU

3 comentários:

Nefasto Curvatório disse...

Guria...gostei bastante deste teu poema, voce sabe, e mais do que sabe, voce gosta de brincar com as palavras, usar jogos com elas, e voce sobe isso para o nível de imagens também, suas palavras brincam com as imagens, gosto muito desta coisa lúdica e bela de tuas poesias, compondo uma mulher que pelamordedeus, é louca, mas ouma louca adorável, Simone Aver.

Adriano Villa disse...

Bnoite... Td bem? Moderados porque? Pessoas escrevem besteiras por aqui também? Gente... Que absurdo não? enfim, gostei de seu poema, e como diz meu amigo, vc joga com as palavras e lhe dão um sentimento muito especial... parabens e me visite quando tiver um tempo. abs

Anônimo disse...

Tem tanto sobre quem sou aí que tô achando que você não sabe quem é coisa nenhuma.