Não suporto tamanho volume. Explodo.
Elas vêm, sem nenhuma ordem ou forma estabelecida
previamente. Enchem a folha branca. Rasgam a limpa
claridade da folha da agenda vazia. Elas vêm.
Têm vida própria, e nenhuma educação.
Não pedem licença. Não se despedem. Não têm obrigação.
Selvagens, tomam meu tempo e usufruem das minhas canetas.
Nervosamente saltam aos bandos e se agrupam.
Mero instrumento d'algum deus maluco, observo.
Não sou nada além dessas páginas rabiscadas,
que eu nem sei se são minhas, posto terem sido escritas
tão compulsivamente que sequer permitiram pensar.
Ei-las.
Sacia a fome de desordem da tua vida correta.
Eu ainda estarei aqui, canal de letras tresloucadas
que bordam e pintam e desgovernam o que penso ser eu...
04.02.2008 - 14h14min
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