segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Nada é In Certo...

Nada é certo? Damos passos incertos por uma estrada de densa neblina. Somos hoje o que não poderemos ser amanhã. Fomos ontem o que jamais nos pensávamos capazes hoje. Trazemos raízes de um medo ancestral, que nos prende ao chão. Não somos covardes. Mas também não somos heróis. Nada é in certo. O in completo ronda a porta da manhã. Traz tempestade vazia. Esvaziam-se as conclusões e a biografia está sempre por ser escrita. Somam-se perguntas sem respostas e respostas que não foram pedidas. Subtraem-se as horas com vertiginosa rapidez no país de Alice. No reino de Abrantes nada de modifica, ainda que nada seja igual aos Dantes. Nada mais certo que a incerteza. E me perguntam se amanhã vai chover, se eu vou sofrer, se a pele vai arder. Eu não sei, respondo. Cada dia com a sua agonia, um passo depois do outro, e todos juntos na mesma estrada escolhida antes de nascermos, tu e eu. Nada mais incerto que a certeza vadia. Na leviandade fria, dizer-se oprimido pelo sim. O fino fio da espada que corta o silêncio e confirma o sim que confina a vida em si. Orgulho sitiado. Situação enfática da louca aventura de querer. Nada mais certo que a loucura. A costura da muralha da China que nos separa da lua. Um satélite no espaço e as curtas ondas de ternura. Os tentáculos da vida e o alcance jamais sonhado por nenhuma criatura. O meu peito pulsando no teu. O teu pulso batendo no meu. Vida e arte confundem a cabeça de qualquer um. Eu recorto tua boca e colo na minha pra sempre. Tuas palavras brotando dos meus ouvidos. Arrepiando a espinha. Cacho de uvas maduras da única safra do ano. Perdeu-se a guia. Não sei o caminho. Nada mais louco que a certeza. O desejo de ser tua. De louvar a calçada da rua por onde passaram teus pés. Avião, foguete ou pensamento, tanto faz. Tudo leva à demência. Insanidade provocada pela insônia de um outro que habita em mim, e cochicha ao meu ouvido coisas que só posso contar em versos, versos que só posso cantar pra ti, no acesso de riso de uma Monalisa misteriosa e vã, plagiada por algum artista anônimo que cruzou teu caminho. Nada mais forte que o amor. O que o amor tem a ver com isso? TUDO! 04.02.2008 - 04h09min

Nenhum comentário: