domingo, 11 de maio de 2008

Dias


Na virada do dia, perco a noção exata da fuga
não sei mais se fui tua sombra ou se exerci patrulha
sobre os limoeiros plantados na porta da igreja vazia.
As folhas secas cobrem os caminhos que trilho
premonições de dias escuros e longas jornadas.
Fecho o jornal da semana passada. As notícias são as mesmas
que todos acompanham, sedentos de sangue avermelhado.
Azuis são as preces que não alcançam um céu de anil
e as obras são vagas, são restritas às quermesses
das noites de sábado dos junhos frios. Juno ferve.
As pequenas bonecas dançam nas mãos da menina
que ri e fala sozinha, com diferentes vozes,
a narrar a trajetória singular de tão singulares personagens.
A inocência salva a alma, lava as feridas, cicatriza as dores.
Ver o que pode ser visto é mais que privilégio.
É quase abandono.
A porta do armário abarrotado de louças não fecha direito.
A porta do horário abarrotado de compromissos imprevistos
que não serão aceitos nem deletados,
apenas escritos no livro da vida...


11.05.2008 - 19h08min

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