sexta-feira, 23 de maio de 2008

Noite insone

No meio da noite insone incendeio as pontas dos dedos e ardo na folha em branco entregue ao transe da escrita externado o sentido da vida de todo o poeta que se esvai dividido entre os dias normais e os dias que são noites para todos os outros mortais. No meio da noite insone busco razões pra dizer teu nome teu cheiro teu jeito tuas cruzes teus poderes tuas vertigens teus prazeres tuas origens. No meio da noite insone sem pregos sem tinta sem sono emprego meu tempo na única coisa que garanto: escrever poesia de nada que de tudo já tem de monte. No meio da noite insone fuço entre os furos das letras redondas feito louca bordadeira de ondas e não encontro e não desmancho o fio da meada da agulha nova que haverá de trazer à tona o que há comigo assim insone sem motivo... No meio da noite insone um anjo malvado me disse que amanhã não é feriado e que o raiar do dia reserva cicatrizes e dores diversas. Ah, eu sei... não tenho pressa... 23.05.2008 - 03h16min

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