sexta-feira, 23 de maio de 2008
Travessia
Atravesso noites
os dissabores se perdem
na escuridão pincelada
de azuis estrelas cristalizadas.
Amanheço poentes
e proponho a poetas
ausentes que se apresentem
sem papel ou caneta na mão
sem tinta ou inspiração
que sejam só o que são
complexos seres viventes.
Eu, artesã da palavra
que nasce não sei onde
que voa não sei por quê.
Eu, dependente completa
da folha em branco
do desejo de dizer.
Eu, árvore seca de serrado
a menor das mulheres
solitária e vazia, solta no prado
que verte verbos aos milhares
que busca o ainda não dito
que sopra o nunca sentido.
Eu, nua e exausta
comum entre os comuns
comum entre os outros
comum entre o espelho e eu.
Atravesso portas
umbrais cortados
pelas brasas das canetas
apertadas entre os dedos
de poetas que se recusam
a ficar surdos aos apelos
da alma, da vida, do coração.
Aos 56 minutos do dia 23.05.2008
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