terça-feira, 24 de junho de 2008
Restos
Restam-me os pingos dos 'is'
as gotas de saliva
expostas nas portas da garagem
de um poeta aprendiz.
Resta-me a manifestação
da natureza insólita
perversos verbos e versos
presos à porta da geladeira
com imãs que falham.
Resta-me a cura que eu não quero
nem pedi.
(O que seria de mim
sem essa minha loucura?)
Resta-me a insensatez
o delírio, a busca cega
pela chave da prisão de giz.
Resta-me a febre gasta
o suor, o calor, o cansaço,
a prenda que não ganhei,
o cavalo que não montei,
a lágrima que não disfarço.
Resta-me o movimento extinto
na boca pintadade vermelho vivo.
Ao menos na boca, a vida.
Ao menos na vida, a boca que diz:
'eu não quero mais
já tive o meu quinhão
já não me basta
ser feliz'.
19.06.2008 - 16h
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