sábado, 21 de março de 2009

Salvação

Eu quero um poema Que me salve da morte. Um verso, um verbo, Um encanto qualquer Que me aponte um norte. Eu quero um poema de açúcar Embrulhado pra presente Encrustado de risos E papéis de seda coloridos. Eu quero um poema permanente Desses que não se gastam No pós-leitura, facilmente. Eu quero um poema Que me restitua a saliva Que me apresente uma réstia de luz Que me acrescente dias Que me estenda tapete de peles vermelhas. Eu quero um poema Que me salve da morte E que nasça do sol Na lua crescente minguante No espaço breve e na partilha. Eu quero um poema de coragem Uma semente de vida Que me arranque da morte Um verso Um verbo Um encanto qualquer. Uma única medida... 21.03.2009 – 0h16min

Um comentário:

Ricardo Kersting disse...

Quem sabe um poema que mude o norte, que mude as pessoas e transforme o açucar em alimento para milhões de famintos, quem sabe um poema impossível? Mas que seja possível na medida em que exista, resolva dissolva a miséria humana, um poema sem palavras, mas com ações que desfaça as cercas, faça cair os muros e as máscaras do cotidiano, mas que consiga levantar os fracos que já pensam em reagir, que consiga tirar os povos de seu marasmo e que os faça lutar por suas convicções. Será que um poema faria tudo isso? Ou seria mais fácil te salvar da morte?
Bjs.