Eu quero um poema
Que me salve da morte.
Um verso, um verbo,
Um encanto qualquer
Que me aponte um norte.
Eu quero um poema de açúcar
Embrulhado pra presente
Encrustado de risos
E papéis de seda coloridos.
Eu quero um poema permanente
Desses que não se gastam
No pós-leitura, facilmente.
Eu quero um poema
Que me restitua a saliva
Que me apresente uma réstia de luz
Que me acrescente dias
Que me estenda tapete de peles vermelhas.
Eu quero um poema
Que me salve da morte
E que nasça do sol
Na lua crescente minguante
No espaço breve e na partilha.
Eu quero um poema de coragem
Uma semente de vida
Que me arranque da morte
Um verso
Um verbo
Um encanto qualquer.
Uma única medida...
21.03.2009 – 0h16min
Um comentário:
Quem sabe um poema que mude o norte, que mude as pessoas e transforme o açucar em alimento para milhões de famintos, quem sabe um poema impossível? Mas que seja possível na medida em que exista, resolva dissolva a miséria humana, um poema sem palavras, mas com ações que desfaça as cercas, faça cair os muros e as máscaras do cotidiano, mas que consiga levantar os fracos que já pensam em reagir, que consiga tirar os povos de seu marasmo e que os faça lutar por suas convicções. Será que um poema faria tudo isso? Ou seria mais fácil te salvar da morte?
Bjs.
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