sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Desígnio

O plano era salvar o fio da espada
da cegueira total
enquanto os arcos do universo
uivavam luas e trilhos de cortinas
esvoaçantes de rasgos doirados de sal.

O plano era surtir o efeito contrário
nas telas sagradas de quadros antigos
pintados por magos e delirantes vazios
contrastes de drásticos limites
encovados nas energias d'outras mãos.

O plano era manter-se longe dos pecados
comuns aos fabulosos devassos
germinados nos ícones da rua apagada e crua
onde insuspeitas culpas latejam
e devoram o pouco da exatidão tida
ao longo das esferas celestes
jamais alcançadas ou conhecidas.

O plano era andar ao largo
ser nômade e odalisca
nas noites frias, nos exaustos dias
em que perpendiculares nuvens
trancam algodões maciços
de restos de lã de vida.

Permutar sabores
pincelar formas
pontilhar linhas
sobre os planos tidos
perdidos
n'alguma volta do caminho
quando o mais torpe desejo
foi o de arrancar-te o peito
e dele fazer-me um berço.







14.01.11 - 15h36min

Um comentário:

Anônimo disse...

Ai, planos perdidos. Qnd um plano se perdeu, o melhor é fazer outro, o mais rápido possível.