domingo, 2 de março de 2008

Compasso


Confundo os caminhos que me levam ao destino exato
todas as pedras se fundem num só mistério
não há mais que estrelas mortas no céu sem luz
e o arco-íris brilha na minha janela, depois que teus olhos
lacrimejaram, saudosos de um tempo que ainda não vivemos
ou sim, ou já, ou além de nossa percepção pequena.
Confesso os descaminhos e desculpo os horários diversos
que entrelaçam as dificuldades e os abortos de monossílabos:
eu, tu, nós...
Visto-me de orvalho e infinito na noite fria e úmida
que se transforma em madrugada e escuridão precisa
conforme a inexistência do tempo ou da visão que tenho dele
e de tudo o que ele representa: os dragões, as serpentes, as rugas,
os equilíbrios e as loucuras, os desejos latentes e as conquistas suadas;
os versos, as canções, as imagens que não se formaram
e as que tivemos entre delírios e ilusões; e as que não tivemos...
e as que apenas tivemos, sem promessas ou propostas,
sem sequer palavras ou traduções em línguas nossas;
e as que tivemos em secreto ou em aberto ou em qualquer
outro espaço que não o de dentro ou o de fora ou de cima
sentidas sem pena ou compromisso com o que quer que seja
diferente do que é simples e belo, como o amanhecer de um novo dia.
Tempo.
Linearidade.
Distância.
Vontade.

Não há.

Corro entre as cobertas que escondem o amanhã
que desconheço e estremeço entre as penas que virão
ou não ou não ou não ou não ou não ou não ou não ou não
os instrumentos de percussão tamborilam nos meus ouvidos
poesia instrumental que mora em mim
no meu peito
sempre que te vejo
sempre que te toco
sempre que te...


Há.






Aos 21 minutos do dia 02.03.2008
*O registro do arco-íris foi feito no instante
mesmo de lacrimejante saudade...

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