domingo, 2 de março de 2008
Sangrando
Enlouquecida ando a passos largos
pelas avenidas de letras malditas
evitadas por transeuntes menos afeitos
às descobertas ousadas ou às perigosas
incursões pelo mundo hostil da escultura
em argila quente e da viagem sem volta
para o mundo construído além, que ninguém viu.
Volteio em danças sem acordes
e acordo os cães raivosos de baba venenosa.
Não busco nada além do verso
que jamais escrevi.
Não crio nada que não grite aos teus ouvidos.
Fúria e terror na linha do café expresso
sobre a mesa de um bar desconhecido
na companhia de um bêbado velho e sujo
de quem ninguém sabe o que será...
Medito sobre os passos que não dei
e sobre os fantasmas que carrego comigo.
Transporto os desejos que tenho nas costas
em largas aljavas feitas de saco amarrado
e tingidas com meu sangue fresco.
Sou sangue. Sangro o tempo todo.
Verto vida agri-doce por meus poros todos.
Energia que não cabe em mim.
Transbordo e te assusto deveras.
Não condeno as fugas ou os medos
ou os momentos em que evitas
o turbilhão de emoções que afugenta.
Eu sangro.
02.03.2008 - 17h42min
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