...à noitinha,
o crepúsculo pinta de vermelho
um imenso céu azul...
Nas conchas das mãos
as lágrimas derramadas
pelo absurdo silêncio.
O desespero é parte de quê?
Do abandono ou
da esperança?
Na prancheta as últimas palavras
tristemente pronunciadas
como um toque de amargura
pincelado na delícia de viver.
E uma saudade do não-tido
anestesiando o peito
gritando por uma anistia
impossível de se conceder!
O exílio é o castigo do desobediente
que insiste na procura vã
de uma atenção ausente
ou da presença que não pode ser.
Exílio é tortura consentida,
dor que brota de noite
e te acompanha nas horas do dia,
com cheiro de flor quase parida
entre as contrações e os tremores
e os espasmos que a solidão,
essa furada canoa, provoca no peito
de quem já não tem no que sonhar,
além de um coração vermelho
e de um céu azul a pulsar...
08.04.2008 - 01h58min
Um comentário:
penso que quando a dor é muita, o debulhar-se em lágrimas alivia, de alguma forma, como se a água vertida fosse a exoneração da própria dor sentida.
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