terça-feira, 9 de setembro de 2008

'Perambulâncias'*

Atravesso a madrugada
como quem dobra uma esquina.
Assumo forma nenhuma
quando finalmente me perco de sono.
Viajo sem nunca ter ido.
Ando sem saber porquê.
Não faço perguntas.
Detesto as respostas
sempre exatamente iguais.
O surpreendente é meu destino
e eu não sei onde ele mora
e eu não sei onde ele vive
e eu não sei se ele existe.
Enquanto isso desalinho
um horizonte certinho.
Enquanto isso todos os gatos
são pardos, são pretos,
são os gatos errados.
Enquanto isso o olfato
me engana
e eu penso ter descoberto
a América
ou a Europa
Oceania
qualquer coisa diferente
que me defina melhor
a visão do que me foge.
Enquanto isso o medo
atinge seu auge.
Enquanto isso a solidão
Ah...
a solidão...
09.09.2008 - 02h50min
*Licença poética auto-concedida

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